13 janeiro 2006

Sumário

  1. A águia
  2. A lenda das areias
  3. A água do paraíso
  4. A velha chorosa e o mestre ZEN
  5. Androcles e o Leão
  6. O sapo Orgulhoso
  7. Sawabona - Sobre estar sozinho
  8. O mestre ZEN que fazia chover
  9. Pessoas que Passam em Nossas Vidas

A águia

A águia vive aproximadamente setenta anos. Quando chega ali pela metade da existência, seu bico fica enfraquecido e gasto, suas unhas também, enquanto suas penas tornam-se muito pesadas com a sujeira acumulada nesses anos, fechando-se ao peito e dificultando-lhe o vôo.

Para sobreviver, deve tomar uma grande decisão: deixar as coisas como estão e morrer, ou desafiar a dor da mudança. Normalmente, o instinto de sobrevivência fala mais alto.

A grande ave voa até uma fenda do penhasco, junto ao paredão, fazendo ninho onde possa se abrigar de outros predadores e inicia um verdadeiro ritual de renascimento. Primeiro, bate o velho bico nas pedras até arrancá-lo e passa a esperar que nasça um novo. Depois, começa a arrancar com o novo bico as unhas, uma a uma.

Quando as novas unhas surgem, usa-as, juntamente com o bico novo, para arrancar as penas endurecidas de seu corpo. Então recupera condições e retoma o vôo livre da vida.

A lenda das areias

Vindo do alto das montanhas, após ter ultrapassado diversos obstáculos, um rio de repente se depara com as areias de um deserto...

...da mesma forma que ultrapassou os obstáculos ao descer as montanhas, o rio tenta vencer mais esse...
...a cada tentativa ele sente que está sendo absorvido cada vez mais pelas areias...

"Se o vento ultrapassa o deserto, o rio também pode ultrapassar..."

O rio ignora a mensagem...

"Deixe-se levar pelo vento, que poderá se transformar em chuva, que se converterá em rio..."

Mas assim eu perco a minha natureza de rio.
Vou continuar insistindo à meu modo...

"A sua natureza é de água, e como água poderás ser rio, mar, chuva, gelo ou vapor, e em cada dessas formas tens um serviço a prestar..."

GRILLO, Nícia Q. (1993) – Histórias da Tradição Sufis. Edições Dervish. Rio de Janeiro.
Slide de palestra do Consultor Sérgio Lins - Outubro de 2001

A água do paraíso

Harith o beduíno e sua esposa Narita, iam de um lugar para outro no deserto estendendo sua tenda onde quer que houvesse tamareiras, ervas para o camelo ou um poço de água salobra.

Um dia, contudo surgiu um novo manancial no areal e Harith levou um pouco daquela água ao lábios. Teve a impressão de estar provando a verdadeira água do paraíso...

...partiu para Bagdá, em busca do palácio de Harun el-Haschid, viajando sem deter-se... Levou consigo dois odres de couro cheios de água: um para ele e outro para o califa...

Dias depois chegou a Bagdá, e se dirigiu logo ao palácio. Ali os guardas ouviram sua história e, somente por ser esta a norma usual, deixaram-no participara da audiência pública...

...eu sou um pobre beduíno e conheço todas as águas do deserto, acabo de descobrir esta água do paraíso e, julgando-a uma oferenda digna de vós, vim oferecê-la...

Harun, o Íntegro, provou da água, e ordenou aos guardas palacianos que levassem Harith e o mantivesse detido por algum tempo, até tornar conhecida sua decisão sobre aquele caso.

“O que para nós não é nada, para ele é tudo. Portanto devem levá-lo deste palácio durante a noite. Não deixem que veja o poderoso rio Tigre. Escoltem-no até sua tenda no deserto, sem permitir que prove água doce. Dêem-lhe 5 mil dinares e façam-no guardião da água do paraíso.”

GRILLO, Nícia Q. (1993) – Histórias da Tradição Sufis. Edições Dervish. Rio de Janeiro.
Slide de palestra do Consultor
Sérgio Lins - Outubro de 2001

A velha chorosa e o mestre ZEN

Sentada à porta de um mosteiro Zen, uma velha senhora vivia a chorar.

Num dia de sol lindo, um mestre Zen que passava perguntou: por que choras velha senhora?

Ah! Choro porque me sinto culpada de ter sugerido a um dos meus filhos que fabricasse guarda chuvas. E hoje ele não vende nada.

Mas outro dia chovia e choravas também. Por que?

Ah! É que sugeri a ao meu outro filho que fosse ser sapateiro e em dias de chuva ele não vende nenhum sapato....

Por que não pensas no seu filho sapateiro em dias de sol?

Androcles e o Leão

Conta-se antigamente, nos tempos do domínio Romano, que existia um escravo fugitivo chamado Androcles.

Quando perseguido se escondeu em uma caverna. De repente ouviu um rugido assustador e se deu conta que ao seu lado estava um grande leão.

Androcles percebeu que sua pata estava inchada, devido a uma lasca de madeira que tinha ali enfiado. Androcles chegou perto do felino e tirou a farpa. O alívio do felídeo fez com que ficasse muito amigo de Androcles.

Certa manhã, Androcles resolveu voltar a Roma. Pouco tempo depois foi aprisionado e sua pena era servir de espetáculo nas festas do Coliseu Romano, cujas pessoas eram comidas por feras famintas.

Quando Androcles estava no Coliseu, soltaram a fera, e para surpresa de todos, ao invés de atacar o escravo, este se colocou aos pés de Androcles e começou a brincar com ele.

Então Androcles percebeu que o leão era aquele que ele tinha encontrado na caverna e que se tornara amigo. Androcles e o Leão foram poupados e soltos.
Ilustração de Murilo Pruner http://murilop.blogspot.com/

O sapo Orgulhoso

Era uma vez um sapo falador que queria fugir do inverno.

Então, alguns gansos sugeriram que o sapo se juntasse a eles e migrasse, que fosse com eles para um lugar mais quente. Mas aí apareceu um problema: o sapo não voa, como poderia seguir viagem? Mas o sapo sabido foi logo dizendo: deixem comigo, tenho um cérebro brilhante, vou ter uma boa idéia.

Pensou um pouco e então pediu aos gansos que o ajudassem segurando um caniço forte, cada um numa ponta. Como o sapo tem um bocão, ele poderia se prender ao cabo pela boca e seguir com os gansos. Em pouco tempo os gansos e o sapo iniciaram a sua jornada.

Assim que passaram por uma pequena cidade os moradores saíram para ver aquela cena estranha e original.

Quem poderia ter tido uma idéia tão brilhante, perguntaram alguns moradores. Isso fez com que o sapo se inchasse tanto de orgulho e, se sentindo importante gritou:
fui eu, fui eu!

E o orgulho foi sua ruína.

Assim que abriu a boca o sapo se soltou do caniço e começou a cair, estatelando-se no chão.

Ninguém jamais morreu por ser humilde e não alardear os seus feitos e orgulho.
Ilustração de Murilo Pruner http://murilop.blogspot.com/

Sawabona - Sobre estar sozinho

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.
- O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
- A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
- Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.
- A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.
- A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
- Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras.
- O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
- O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
- A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.
- A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
- Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.
Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
- Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
- O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
- Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...
- PS: Caso tenha ficado curioso em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África e quer dizer "EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM". Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA, que é "ENTÃO, EU EXISTO PRA VOCÊ"
Flávio Gikovate, médico psicoterapeuta

O mestre ZEN que fazia chover

Aldeões pediram a um mestre ZEN que os ajudasse a levar chuva aos seus campos áridos.

O mestre solicitou apenas uma pequena casa com um jardim onde pudesse cultivar.

Dia após dia, ele cultivava o pequeno jardim, sem praticar nenhuma magia. Decorrido algum tempo, a chuva começou a cair sobre a terra ressecada.

Ao perguntarem como obtivera tamanho milagre, ele respondeu humildemente...

"A cada dia, ao cultivar o jardim, voltava-me mais para dentro de mim mesmo. Quanto à chuva, não sei a razão, mas tenho certeza que a terra do meu jardim já está preparada. E a de vocês?"

GRILLO, Nícia Q. (1993) – Histórias da Tradição Sufis. Edições Dervish. Rio de Janeiro.
Slide de palestra do Consultor Sérgio Lins

12 janeiro 2006

Pessoas que Passam em Nossas Vidas

Pessoas entram na sua vida por uma "Razão",
uma "Estação" ou uma "Vida Inteira".

Quando você percebe qual deles é, você vai saber o que fazer por cada pessoa.

Quando alguém está em sua vida por uma "Razão"... é, geralmente, para suprir uma necessidade que você demonstrou.

Elas vêm para auxiliá-lo numa dificuldade, te fornecer orientação e apoio, ajudá-lo física, emocional ou espiritualmente.
Elas poderão parecer como uma dádiva de Deus, e são!
Elas estão lá pela razão que você precisa que eles estejam lá.

Então, sem nenhuma atitude errada de sua parte, ou em uma hora inconveniente, esta pessoa vai dizer ou fazer alguma coisa para levar essa relação a um fim.
Ás vezes, essas pessoas morrem.
Ás vezes, eles simplesmente se vão.
Ás vezes, eles agem e te forçam a tomar uma posição.
O que devemos entender é que nossas necessidades foram atendidas, nossos desejos preenchidos e o trabalho delas, feito.
As suas orações foram atendidas. E agora é tempo de ir.

Quando pessoas entram em nossas vidas por uma "Estação",
é porque chegou sua vez de dividir, crescer e aprender.
Elas trazem para você a experiência da paz, ou fazem você rir.
Elas poderão ensiná-lo algo que você nunca fez.
Elas, geralmente, te dão uma quantidade enorme de prazer...
Acredite! É real! Mas somente por uma "Estação".

Relacionamentos de uma "Vida Inteira" te ensinam lições para a vida inteira: coisas que você deve construir para ter uma formação emocional sólida.

Sua tarefa é aceitar a lição, amar a pessoa, e colocar o que você aprendeu em uso em todos
os outros relacionamentos e áreas de sua vida.
É dito que o amor é cego, mas a amizade é clarividente.

Obrigado por ser parte da minha vida.

Pare aqui e simplesmente SORRIA.
Caso descubra o autor informe através de comentário.